Não há lugar como nosso lar…

Eu havia escrito um texto super amargo sobre como a internet tem cada vez mais cercas e como estamos cada vez mais presos a estes feudos digitais, mas não acho que seja um bom jeito de (re)começar um blog.

Talvez seja mais legal falar sobre expectativa, motivações e divagar livremente afinal não preciso mais me preocupar se o algoritmo vai entregar ou se posso tomar um shadowban por usar uma palavra ou expressão indesejada ao tentar comunicar algo. Acho que é por aí, faz muito tempo que não conseguia imaginar um espaço para testar coisas, me divertir, registrar pensamentos ou simplesmente guardar coisas que acho legais. Existe uma porção de plataformas por aí mas a forma como as coisas mudaram de repente no tumblr e twitter me motivaram a tirar a poeira deste cantinho esquecido da internet.

Outra coisa que me trouxe aqui foi uma reflexão sobre aquele debate esvaziado a respeito da liberdade de expressão, que na verdade parece ser mais por liberdade de ofender livremente. O mais engraçado é que essa “liberdade” parece intacta, como em 12 de maio de 1888, mas pouco se fala sobre como uma outra liberdade parece muito mais ameaçada: a liberdade de se expressar. Neste emanharado de tendências, virais e conteúdo sintético me parece cada vez mais difícil se aprofundar em qualquer coisa, pensar com calma, produzir com açúcar e com afeto… É tudo urgente, atropelado, descartável, pronto para ser consumido, mas não digerido, entregar um post pensando na série, manter o ritmo, alimentar o algoritmo… Mas comecei a perceber que ela, a ideia, estava cada vez menos presente, não importa se é inédito ou plágio, se é autoral ou encaminhado. O importante é agradar o senso comum.

Cansei disso, tirei meus desenhos do Instagram, cogitei utilizar outra plataforma, depois pensei em me esforçar para deixar “minha” página no Behance minimamente atrativa, mas me soou mais do mesmo, entrar nessa roda de hamster de produzir qualquer coisa desenfreadamente para competir por atenção e treinar IAs, isso não me pareceu uma ideia lá muito atrativa.

Enfim, cá estamos neste humilde cantinho da “rede mundial de computadores” e o que posso dizer é que não faço a menor ideia do que será daqui para a frente, só sei que será por aqui.